Quando a voz escondida no vento resolve cantar 
Quando o verso embrulhado nas ondas aprende a dizer 
Quando estrela cadente no céu faz clarão na cidade 
										
O poeta que vê, sob a luz já se prostra 
Tanta cruz, tanta desarmonia no mundo a gritar 
E o poeta com a luz recebida prepara o altar 
E no rito que bem aventura a palavra consola 
Tira o peso da cruz, solidão vai embora 
Toda vez que a divina palavra na voz tão humana 
Se traduz, se revela nos canto e bendiz 
Alinhado esse chão ao seu céu 
Faz bordado nas almas dos réus 
Põe caminhos nos pés dos que antes não tinha aonde ir 
Toda vez que o dourado do céu cai na prata da história 
E o mistério se deixa mostrar nos caminhos da voz 
Faz profeta, o poeta e cantor 
Da palavra faz gesto de amor 
E polvilha de luz o caminho pra quem nele for 
Toda vez que o profano recebe no ventre da alma 
A beleza da arte que em Deus tem raiz 
O divino nos desce do céu 
Sobre o mundo derrama o seu véu 
E a beleza rendibe o caminho nos põe noutra luz 
Quando a dor no secreto do mundo consegue falar 
Com tal coisa alojado nas sombras aprende a dizer 
Quando a morte nas dramas da vida nos rouba a palavra 
O artista que vê, pede a Deus a resposta 
E num misto de luz e ternumbra se põe a buscar 
A resposta que nunca responde mas faz prosseguir 
E na arte que reza sem voz todo artista tempera 
A dureza do chão, com esperanças eternas 
Toda vez que a divina palavra na voz tão humana 
Se traduz, se revela nos cantos e bendiz 
Alinhado esse chão ao seu céu 
Faz bordados nas almas dos réus 
Põe caminho nos pés dos que antes não tinha aonde ir 
Toda vez que o dourado do céu cai na prata da história 
E o mistério se deixa mostrar nos caminhos da voz 
Faz profeta, o poeta e cantor 
Da palavra faz gesto de amor 
E polvilha de luz o caminho pra quem nele for 
Toda vez que o profano recebe no ventre da alma 
A beleza da arte que em Deus tem raiz 
O divino nos desce do céu 
Sobre o mundo derrama o seu véu 
E a beleza rendime o caminho nos põe noutra luz