Из альбома: Magnífico Material Inútil
Ele era um cavalheiro, todo ele transpirava elegância
Ela era gata borralheira, tivera que limpar a sua infância
Ele velejava no Verão e esquiava no Inverno
Ela trabalhava ao balcão de um qualquer estabelecimento moderno.
Ele gostava de reluzir em si o estilo da capital
Ela já não conseguia distinguir as cores da bandeira nacional
Ele tinha entre os seus títulos uma futura Ordem do Infante
Ela achava o levantar do dedo mindinho algo deselegante.
Mas ele um dia curvou-se a seus pés
Mas ele um dia curvou-se a seus pés
Mas ele um dia curvou-se a seus pés
Mas ele um dia curvou-se a seus pés.
Ela passou a ocupar o tempo a descobrir o que era a cultura
Ele confinou-se aos seus aposentos e descobriu a costura
Ela quis poder entender o Universo e começou a ler Platão
Ele resolveu perceber o que era a justiça em frente à televisão.
A ele nada lhe valeu a aparência nem a casa no Largo do Rato
Porque ela sabia que era Cinderela e enganou-o com um sapato
Ele que um dia fora príncipe, agora rendia-se à evidência
Com mulheres que calçam o quarenta é melhor revelar prudência.
E hoje ele ainda beija seus pés
E hoje ele ainda beija seus pés
E hoje ele ainda beija os seus pés
E hoje ele ainda beija os seus pés.