Tua graça caminha pela casa
Moves-te blindada em abstrações, como um T.
Trazes a cabeça enterrada nos ombros qual escura
Rosa sem haste.
És tão profundamente que irrelevas as coisas, mesmo do pensamento.
A cadeira é cadeira e o quadro é quadro porque te participam.
Fora, o jardim modesto como tu, murcha em antúrios a tua ausência.
As folhas te outonam, a grama te quer.
És vegetal, amiga...
Amiga! direi baixo o teu nome
Não ao rádio ou ao espelho, mas à porta que te emoldura, fatigada, e ao corredor que pára
Para te andar, adunca, inutilmente rápida.
Vazia a casa
Raios, no entanto, desse olhar sobejo
oblíquos, cristalizam tua ausência.
Vejo-te em cada prisma, refletindo
diagonalmente a múltipla esperança.
E te amo, te venero, te idolatro
numa perplexidade de criança.